A diferença entre o Baby Blues e a Depressão Pós-parto

A diferença entre o Baby Blues e a Depressão Pós-parto

Em meio à alegria de ter seu filho nos braços, a felicidade em conhecê-lo, podendo embalar e ninar, as lágrimas da mãe escorrem… Um mix de sentimentos, ora alegria, ora tristeza, por vezes a mãe recém-parida nem consegue definir o que se passa com ela.

É normal que em meio à chegada do bebê a mãe se sinta confusa, distante, estranha, insegura, impotente, sozinha, mas principalmente culpada. É normal, embora não seja socialmente aceito, esperado, reconhecido e compreendido.

Muitas mães trazem que tiveram ou estão tendo depressão pós-parto por conta desses sentimentos, especialmente o choro fácil, e dizem: “fiquei dias assim e passou sozinho”. Porém esse é o quadro mais comum e ameno da fase puerperal, conhecido como “baby blues”. 

Nesse artigo você saberá um pouco mais sobre as diferenças entre o baby blues e a depressão pós-parto. Fique atenta pois é preciso de ajuda para melhorar em ambos os casos.

O que é o Baby Blues?

Dentre os sintomas, temos: choro fácil, sentimentos de angústia, irritabilidade, tristeza, que se alternam entre sentimentos positivos. 

Atinge 80 a 90% das mães (1), com início geralmente entre o 2º e o 5º dia após o parto podendo durar até a 2ª semana, tendo remissão espontânea, ou seja, não é necessário tratamento com medicamentos.  

É um período em que a mãe precisa de suporte familiar e social que compreenda seus sentimentos e a ajude nos cuidados com o bebê. 

É importante contar com apoio, não exite em pedir ajuda para as pessoas mais próximas de ti ou até mesmo procurar um profissional da saúde, como uma doula pós-parto, consultora em amamentação, psicólogo, médico, profissional de enfermagem.  

O que é a Depressão Pós-parto?

Os sintomas são humor depressivo, com diminuição ou perda do interesse em atividades antes agradáveis, e outros como: alterações significativas do peso ou apetite, no sono (insônia ou sono excessivo), sensação de fadiga, sentimentos de inutilidade e culpa, dificuldade para se concentrar ou tomar decisões, podendo até mesmo apresentar vontade de morrer. Esses são sintomas em geral da depressão, sendo que no pós-parto estão incluídos: alterações de humor repentina e sentimentos ambivalentes em relação ao bebê, ou seja, que ora são positivos (ex. alegria), ora negativos (ex. tristeza) (2).

Esse quadro, que não inclui a presença todos os sintomas citados, deve estar presente por mais de 2 semanas. 

O diagnóstico é realizado desde a gestação até 4 semanas após o parto, segundo o DSM-V, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 

Já o CID 10 – Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, não considera o início na gestação e o diagnóstico pode ser feito em até 6 semanas após o parto. 

Porém estudos e pesquisadores apontam para a necessidade desse período de diagnóstico ser maior: até 1 ano após o parto. 

Segundo a pesquisa Nascer no Brasil, 26,3% das mães apresentam sintomas de depressão materna, entre 6 e 18 meses após o parto, sendo mais frequente entre as mulheres de baixa condição social e econômica, nas pardas e indígenas, nas mulheres sem companheiro, que não desejavam a gravidez e já tinham três ou mais filhos. Como fator associado aos sintomas depressivos, a pesquisa destaca a insatisfação quanto ao atendimento ao parto e ao pós-parto. 

Quais são as principais diferenças entre baby-blues e depressão pós-parto?

1 – a depressão pode ter início na gestação, por isso a importância de um pré-natal adequado, que pode incluir acompanhamento psicológico (grupo terapêutico, atendimento clínico individual, pré-natal psicológico). 

2 – a depressão materna necessita de tratamento médico e psicológico, enquanto que o baby blues pode ser atravessado com um suporte social e familiar adequado. 

3 – o baby blues tende a passar após 2 semanas, a depressão pós-parto não passa com o tempo se não houver tratamento adequado.

4 – enquanto que os sintomas do baby blues duram em torno de 2 semanas, a depressão materna é diagnosticada quando os sintomas estão no mínimo presentes por 2 semanas (lembrando que pode já ter se iniciado na gestação).

5 – embora os sintomas sejam parecidos e alguns deles estejam presentes em ambos os casos (como alterações de humor repentina, sentimento de culpa, tristeza, choro), no baby blues temos um cenário mais ameno e na depressão materna um quadro mais amplo de sintomas.

Quando devo procurar ajuda profissional?

O diagnóstico da depressão pós-parto deve ser feito por um médico ou psicólogo, os sintomas aqui explanados são para auxiliar na compreensão da diferença dos quadros no puerpério.

É importante ressaltar que há outros transtornos mentais no pós-parto, como psicose pós-parto e transtornos ansiosos, destes, os mais prevalentes são: transtorno de ansiedade generalizada, fobia social e transtorno obsessivo-compulsivo.

As consultas tanto do pré-natal quanto do pós-parto devem incluir uma avaliação global do estado psicológico da mulher e os profissionais devem estar aptos a identificar qualquer alteração mental e emocional que necessite de intervenção e acompanhamento.

E a dica essencial é procurar ajuda profissional em qualquer momento que sentir e achar ser necessário, tire suas dúvidas e se for o caso realiza o tratamento recomendado.

Veja os depoimentos abaixo de mães que passaram pelo Baby Blues:

“Eu tive muitas crises durante o puerpério e não entendia o porquê, se estava tudo bem com o bebê. Eu sentia tristeza, dificuldades de aceitar a nova fase, muito choro, irritação e claro, culpa, afinal meu bebê estava bem. Queria meu corpo de volta, queria meu banho tranquilo, mas acima de tudo queria me encontrar nessa nova fase. Não tinha ouvido falar em baby blues, também ninguém me falou que eu passaria por isso, que era normal e que com o passar dos dias eu iria melhorar. Para mim, o puerpério foi o período mais difícil, o mais doloroso e meu melhor renascimento. Hoje ainda tem dias que a tristeza bate, mas a cada sorriso do meu bebê tudo se transforma.O que posso dizer que aprendi foi que no puerpério não existe romance e também não é fácil, existe sim, muita entrega e muito amor! Vamos falar mais sobre isso. Isso é maternidade real”. Depoimento anônimo de uma mãe que acompanha meu trabalho e participou de uma palestra que realizei para gestantes com o tema puerpério.

“A Carol foi essencial no meu pós-parto, tive baby blues e por não ter conhecimento dos sintomas achava que eu estava sendo fraca perante o puerpério. A Carol me auxiliou e me mostrou um caminho mais leve e tranquilo, fazendo tudo a minha volta melhorar e voltar ao normal, no início não é fácil, mas com a ajuda de uma excelente profissional como a Carol tudo ficou melhor”. Depoimento anônimo de uma mãe que realizou acompanhamento comigo na clínica psicológica.

Leia mais no artigo sobre puerpério.

Caroline Lampe Kowalski Machado – Psicóloga Clínica – CRP 12/10806

Referências Bibliográficas:

BADINTER, E. Um amor conquistado: o mito do amor materno. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. 

CANTILINO, Amaury et al . Transtornos psiquiátricos no pós-parto. Rev. psiquiatr. clín.,  São Paulo ,  v. 37, n. 6, p. 288-294,    2010 .

LEAL, M. C.; GAMA, S. G. N. Sumário executivo temático da pesquisa. In: LEAL, M. C. (Org.). Nascer no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2015. p. 2-7.

RUM, Evanisa Helena Maio de. Depressão pós-parto: discutindo o critério temporal do diagnóstico. Cad. Pós-Grad. Distúrb. Desenvolv.,  São Paulo ,  v. 17, n. 2, p. 92-100, dez.  2017 .(pág. 94) (2).

SCHMIDT, Eluisa Bordin; PICCOLOTO, Neri Maurício; MÜLLER, Marisa Campio. Depressão pós-parto: fatores de risco e repercussões no desenvolvimento infantil. Psico-USF, v. 10, n. 1, p. 61-68, jan./jun. 2005 (pág. 62) (1). 

Caroline Lampe Kowalski Machado

Caroline Lampe Kowalski Machado

Psicóloga Clínica
CRP: 12/10806

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