Outubro Rosa. Mamografia, quando fazer? Autoexame da mama: como fazer?

 

Estamos no mês da campanha “Outubro Rosa” e muitos estão alertando para se fazer o autoexame. Em meio a pouca informação consistente, temos até promoção de exames de mamografia sendo ofertados como um presente à mulher. Esse último ainda mais preocupante, que precisamos problematizar: a saúde entra no mercado das promoções? Nesse caso, o corpo da mulher? No próximo ano elas irão esperar o mês promocional para realizar o exame mesmo se for necessário fazer o quanto antes? 

Mas quando é mesmo necessário fazer a mamografia? Quais são as ações para prevenir o câncer de mama?

O câncer de mama é o segundo tipo que mais acomete as brasileiras (1) – depois do câncer de pele não melanoma (2).

Como estratégia de detecção precoce do câncer de mama, temos o rastreamento através da mamografia, identificando alterações suspeitas, que serão investigadas através de uma biópsia.

Ao ser diagnosticado em seu estágio inicial, pode ter (segundo a Agência Brasil):

  • mais de 90% de cura,
  • permitir tratamentos menos agressivo e
  • mais chances de preservação da mama.

“A mamografia é o único exame cuja aplicação em programas de rastreamento apresenta eficácia comprovada na redução da mortalidade do câncer de mama”. (INCA) (3)  

Rastrear é aplicar exames em quem não apresentar sinais e sintomas de alguma doença. 

Quando se deve realizar a mamografia?

Para encontrar a resposta para cada caso, é imprescindível uma avaliação médica.

Segue as principais informações sobre o assunto: 

  • Recomenda-se o acompanhamento clínico individualizado para mulheres com alto risco para o desenvolvimento do câncer de mama (3).
  • Na faixa etária de 50 a 69 anos, a cada 2 anos, segundo a avaliação das Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama no Brasil, sendo importante salientar que os possíveis benefícios superam seus riscos através dessa forma de rastreamento.  As principais diretrizes e programas de rastreamento internacionais e o Ministério da Saúde não recomendam o rastreamento abaixo dos 50 anos. (4)

Entretanto, temos que:

  • “As principais sociedades médicas no Brasil e no mundo são unânimes em recomendar o rastreamento mamográfico para as mulheres assintomáticas, iniciando a partir dos 40 anos ou 50 anos (dependendo do país), com uma periodicidade anual ou bienal (também variando em alguns países). No Brasil, as sociedades médicas recomendam o rastreamento mamográfico anual para as mulheres entre 40 a 75 anos.” (5))

A Sociedade Brasileira de Mastologia enfatiza  que: “a mamografia é o único exame que, quando realizado de maneira sistemática a partir dos 40 anos em mulheres assintomáticas, comprovadamente leva a uma redução da mortalidade pelo câncer de mama. Isso foi demonstrado através de grandes estudos realizados em mais de 500 mil mulheres, sendo observado uma redução da mortalidade que variou entre 10% a 35% no grupo de mulheres submetidas ao rastreamento em relação às que não eram submetidas. (5)

Segundo o INCA – Instituto Nacional de Câncer:

“A mamografia permite identificar melhor as lesões mamárias em mulheres após a menopausa. Antes desse período, as mamas são mais densas e a sensibilidade da mamografia é reduzida, gerando maior número de resultados falso-negativos (resultado negativo para câncer em pacientes com câncer) e também de falsos-positivos (resultado positivo para câncer em pacientes sem câncer), o que gera exposição desnecessária à radiação e a necessidade de realização de mais exames.” (4) 

“O rastreamento com mamografia, mesmo na faixa etária recomendada, implica em riscos que precisam ser conhecidos pelas mulheres. Além dos resultados falso-positivos e falso-negativos, o rastreamento pode identificar cânceres de comportamento indolente, que não ameaçariam a vida da mulher e que acabam sendo tratados (sobrediagnóstico e sobretratamento), expondo-a a riscos e danos associados.” (4)

Quais os sinais e sintomas do câncer de mama?

Esteja alerta aos aos principais sinais e sintomas do câncer de mama: caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor; pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito (mamilo), saída espontânea de líquido de um dos mamilos, pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas) (1). Segundo a cartilha “Câncer de Mama, é preciso falar disso” (INCA, 2016), essas alterações precisam ser investigadas o quanto antes, mas podem não ser câncer de mama. 

Não adie a ida ao médico e se conheça, tenha intimidade com seu corpo. 

Como fazer o autoexame das mamas?

Uma técnica específica de autoexame não é mais recomendada, mas ainda vale a observação e a autopalpação.

Segundo o INCA, deve-se valorizar a descoberta casual de pequenas alterações mamárias (3). 

“Atualmente não se recomenda o autoexame das mamas como técnica a ser ensinada às mulheres para rastreamento do câncer de mama. Grandes estudos sobre o tema demonstraram baixa efetividade e possíveis danos associados a essa prática. Entretanto, a postura atenta das mulheres no conhecimento do seu corpo e no reconhecimento de alterações suspeitas para procura de um serviço de saúde o mais cedo possível – estratégia de conscientização – permanece sendo importante para o diagnóstico precoce do câncer de mama. A mulher deve ser estimulada a conhecer o que é normal em suas mamas e a perceber alterações suspeitas de câncer, por meio da observação e palpação ocasionais de suas mamas, em situações do cotidiano, sem periodicidade e técnica padronizadas como acontecia com o método de autoexame.” (4)

Além do acompanhamento médico, o que mais posso fazer como forma de prevenção?

Não há uma causa única da doença. Como forma de prevenção, tem-se a informação de que 30% dos casos podem ser evitados com prática de atividade física e de alimentação saudável, com manutenção do peso corporal adequado, segundo o INCA (1).

Ressalta-se a amamentação como fator de proteção. 

E por último, segundo a cartilha do INCA: os serviços de saúde devem priorizar a consulta das mulheres com nódulo ou outras alterações suspeitas da mama. Ou seja, essa é uma prerrogativa do ano inteiro e o mês de outubro visa intensificar o conscientização sobre a doença, temos muitas ações válidas e eficazes que superam aquelas rasas pela falta de informação, diálogo com a mulher, promoção de autonomia sobre o próprio corpo e atitude ética. 

 

Bibliografia: 

  1. www.inca.gov.br/campanhas/outubro-rosa/2019/outubro-rosa-2019
  2. www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-mama
  3. www.inca.gov.br/controle-do-cancer-de-mama/acoes-de-controle/deteccao-precoce
  4. www.inca.gov.br/noticias/confira-recomendacoes-do-ministerio-da-saude-para-o-rastreamento-do-cancer-de-mama
  5. www.sbmastologia.com.br/noticias/nota-oficial-informacoes-distorcidas-da-mamografia-nas-redes-sociais/

Câncer de mama: é preciso falar disso. / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – 4. ed. – Rio de Janeiro: Inca, 2016

http://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2019-10/desigualdades-impactam-diagnostico-precoce-do-cancer-de-mama-no-pais – publicado em 07/10/2019

Caroline Lampe Kowalski Machado

Caroline Lampe Kowalski Machado

Psicóloga Clínica
CRP: 12/10806

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